Complementando os incríveis posts do Fábio sobre o Egito, ele hoje comentará sobre a Jordânia, país que muita gente visita em conjunto com Egito e Israel. Então, vamos ler as dicas do Fábio sobre a Jordânia. Ah, e todas as fotos do post foram tiradas por ele!
Por que visitar a Jordânia?
Ao contrário do Egito não se trata de uma resposta tão óbvia, já que não se trata de um destino muito conhecido ou divulgado internacionalmente. Entretanto, da mesma forma que o Egito existe muita história associada com este país, com atrações relacionadas a antigas civilizações do Oriente Médio, Romanos, das lutas entre os Cruzados e Islâmicos na Idade Média, e as três grandes religiões: Judaismo, Cristianismo e Islamismo. Além disso existem algumas atrações naturais como o deserto e Mar Morto.
O local mais famoso é Petra, cidade arqueológica, palco das filmagens de Indiana Jones, e descrita pela UNESCO como uma das heranças mais preciosas do legado cultural da humanidade.
É seguro visitar a Jordânia?
É um país extremamente seguro, além de ser um dos mais pacíficos do Oriente Médio. Desde que Abdullah II assumiu o poder em 1999 o país tem passado por uma estabilidade sem precedentes. Os antigos conflitos com a vizinha Israel foram superados, além do país ter muitos investimentos e uma ótima relação com o Ocidente. Trata-se de uma nação cuja religião oficial é o Islamismo Sunita, entretanto outras crenças são respeitadas e possuem leis que garantem proteção e direitos a grupos minoritários.
Assim como o Egito, as regiões visitadas pelos turistas são seguras. A principal região que deve ser evitada, e também não possui grandes atrativos, é o nordeste do país, que faz fronteira com a Síria e Jordânia.
O assédio aos turistas
Esse é um ponto positivo do país em comparação com o Egito. O assédio é muito pequeno, e até mesmo inexistente, nas grandes cidades e atrações turísticas, com exceção de Petra que será tratado num tópico a parte. Os comerciantes com quem lidei também eram mais honestos, e mais frequentemente encontrei estabelecimentos com etiqueta de preço o que evitava o desgaste de negociações.
Como se locomover na Jordânia
Este talvez tenha sido o principal problema que enfrentei no planejamento de minha viagem. Por ser um país pouco visitado não existe uma infraestrutura de transporte eficaz como no Egito.
Habitantes locais utilizam ônibus, mas a frequência deles e os horários, especialmente dos intermunicipais, é ruim. Táxis costumam custar caro e não existe Uber.
As opções que restam aos turistas são os transfers / motoristas particulares ou aluguel de carro.
Os transfers / motoristas trazem um maior conforto e pouca preocupação para o turista, por outro lado o seu custo é bem elevado. Por exemplo, o trajeto entre Aqba e Petra, que costuma demorar entre 1h30 e 2h00, custa algo em torno de 100 dólares.
O aluguel de um carro foi a opção que eu escolhi, tanto pela economia tanto quanto a liberdade para definir os destinos, horários e itinerários. O aluguel de um carro compacto por 5 dias custou algo em torno de 60 JOD, equivalente a 85 USD.
Para me locomover no país não utilizei o GPS oferecido pela agência de aluguel de carro. Comprei um chip de internet local, além de ter os mapas do país baixados offline em meu celular. Por ter uma boa noção de navegação essa decisão não me trouxe grandes problemas, mas sinto que muitas vezes o celular não mostrou o melhor caminho, inclusive uma vez me fez andar em círculos, problema que não teria com um GPS.
Outro ponto importante de destacar é que o trânsito na Jordânia não é caótico e desorganizado como no Egito, onde é praticamente impossível para um estrangeiro dirigir. O país deve possuir um dos trânsitos mais civilizados do Oriente Médio, ou seja, é preciso de extrema atenção. Tomei umas duas ou três fechadas durante a viagem que poderiam resultar em distração caso estivesse distraído.
Minha experiência diz que a Estrada do Rei é um trajeto muito tranquilo e bonito onde não tive maiores problemas. Por outro lado, na Estrada do Deserto, a principal do país, é preciso de alguma atenção, especialmente mantendo uma distância de segurança dos outros veículos. Nas cidades pequenas não tive problemas com o trânsito, mas em Amã é preciso muito cuidado, inclusive com a velocidade. Ao devolver o carro descobri que recebi uma multa em um trecho de baixa velocidade.
Outra questão importante é que a Jordânia, apesar de localizada no Oriente Médio, não é um país com jazidas e produção de Petróleo. Além disso o combustível por lá não é barato. Dessa forma o consumo deve ser um atributo avaliado antes de alugar um veículo. É melhor optar pelos econômicos.
Visto para a Jordânia
Brasileiros precisam do visto. E assim como no Egito não é necessário ir ao consulado. Ele pode ser adquirido no aeroporto 40 JOD, aproximadamente 56 USD. O visto tem validade de 60 dias e uma única entrada.
Entretanto, como a Jordânia recentemente está com políticas de incentivo ao turismo existem algumas outras opções.
A primeira delas é a gratuidade do visto para quem entra por terra a partir de Aqba. Entretanto o turista deve sair do país pela mesma fronteira e existe uma permanência mínima no país (algo como 3 dias) para garantir a isenção.
Mas a melhor das opções em termos financeiros e de praticidade é o Jordan Pass (https://www.jordanpass.jo/), que é um documento que pode ser comprado com antecedência que isenta o turista do visto, além de incluir a entrada de uma série de atrações dentre as principais do país (Petra, Jerash, Cidadela de Amã, dentre muitas outras).
O melhor meio de se chegar à Jordânia
É um tema controverso e vai depender do roteiro de cada pessoa. Para quem está nas cidades no eixo do Nilo a melhor opção é viajar do Egito para a Jordânia de avião. Por terra essa viagem levaria em torno de 1 dia inteiro.
Para quem está na região do Sinai pode-se viajar tanto de avião, a partir de Sharm el-Sheikh, como por terra. Só vale lembrar que o Egito não faz fronteira por terra com a Jordânia. Portanto é necessário sair do país em Taba para adentrar Israel a partir de Eilat, e atravessar a cidade para o outra fronteira com Aqba.
Vale também lembrar que os trâmites imigratórios em Israel costumam tomar algum tempo.
Pessoalmente acho o aeroporto a melhor opção desde que se encontre um preço acessível para as passagens, que costumam variar bastante.
Quando visitar a Jordânia
Valem as mesmas regras do Egito, sendo que as melhores épocas são as meia estações (primavera e outono), evitando também o período do Ramadã.
Necessidade de guia ou agência
Ao contrário do Egito não contratei guias na Jordânia. Antes da viagem assisti vídeos sobre o destino além de ler muito conteúdo na internet e alguns livros e revistas.
Creio que essa pesquisa foi suficiente e pude desfrutar bastante os locais visitados, mas é inegável que com um guia faria um maior proveito das visitas. Entretanto, esse tipo de serviço é muito mais caro na Jordânia do que no Egito.
Outras informações
O idioma utilizado no país é o árabe.
A moeda oficial é o Dinar Jordaniano cujo valor unitário é de US$ 1,41 ou 1,26 EUR, ou seja, moeda extremamente valorizada.
O fuso horário é o UTC+2, ou seja, 5 horas a mais que o horário de Brasília.
É altamente recomendável levar um adaptador universal de tomadas para a Jordânia. Vi diferentes padrões nos locais que me hospedei. Mas a voltagem em todos era 220v.
Assim como o Egito também existe a obrigatoriedade da vacina contra febre amarela. Porém a mesma não foi cobrada pelo agente de imigração ou pela empresa aérea.
Quantos dias na Jordânia?
Isso vai depender das atrações visitadas. Em minha visita fiz apenas o básico, que tomaram 5 dias, mas existe um grande número de outras atrações.
Atrações essenciais
Amã:
Capital, principal cidade e porta de entrada do país. O básico pode ser feito em apenas um dia que inclui a Cidadela e o Anfiteatro Romano. As entradas de ambas atrações estão incluídas no Jordan Pass. Após visitar o Anfiteatro, que fica numa região central da cidade, é possível visitar o comércio local.
Jerash:
Localizada cerca de 1h ao norte de Amã e conhecida como a “Pompéia da Ásia”, por conter o complexo de ruínas romanas mais bem preservadas fora da Itália. Foi para mim uma grata surpresa e o destino que mais gostei no país. Fique em torno de 4 horas visitando as ruínas, e não foi suficiente para ver tudo. Entretanto tive que sair no início da tarde porque teria uma longa estrada até Wadi Musa, cidade que é a porta de entrada para Petra.

Durante minha estada em Jerash acontecia um festival local, com a presença de autoridades e notáveis locais. Nesse festival havia degustação gratuita de produtos locais: pães, queijos e azeites locais, alguns de excelente qualidade.
Petra:
Atração mais famosa do país e popularizada pelo filme “Indiana Jones e a Última Cruzada”, por se tratar de um de seus principais cenários.
A porta de entrada para Petra é a cidade de Wadi Musa que se localiza 2h ao norte de Aqba. Para quem vem de Amã existem 2 caminhos: Estrada do Deserto (3 horas) e a Estrada do Rei (4h30).

Tenho pessoalmente 2 recomendações para esse trajeto. A primeira é utilizar a Estrada do Rei, que apesar de mais distante possui mais beleza e inúmeras atrações que podem ser utilizadas como ponto de parada. A segunda é reservar um dia completo para usufruir melhor todo esse trajeto.
Os principais pontos de parada são: Madaba (cidade famosa por seus mosaicos), Monte Nebo (local de onde Moisés supostamente vislumbrou a Terra Prometida e morreu), Canyon de Wadi Mujib (dá pra ver parcialmente da estrada, mas para visualizar na totalidade tem que pegar um desvio), e Mar Morto (lado jordaniano dessa atração famosa. Existem locais onde é possível se banhar gratuitamente).
Chegando em Wadi Musa é recomendável descansar bem e acordar cedo para visitar Petra no dia seguinte. Também é recomendável um café da manhã reforçado e levar lanche e água na mala (os preços cobrados em Petra são bem elevados), além de itens para proteção contra os raios ultravioletas, como bloqueador solar e chapéu.
O sítio arqueológico de Petra é enorme e dificilmente alguém conseguirá visitar tudo em 1 dia. Algumas pessoas dividem a visita em mais dias, mas creio que uma visita é o suficiente para ter uma visão geral de tudo. Além da visita tradicional existe o Petra by Night (https://www.visitpetra.jo/DetailsPage/VisitPetra/EntertainmentsDetailsEn.aspx?PID=4), com ingresso a parte, que acontece apenas em 3 dias da semana. Não consegui fazer, mas já li muitos relatos positivos sobre o espetáculo.
Não é tarefa fácil para mim tirar uma conclusão sobre minha visita a Petra, pois tenho sentimentos positivos e negativos.
Do lado positivo é indiscutível a beleza de construções como o Al Khazneh (Tesouro) e o Monastério, além de uma série de outros detalhes e tudo que envolve a construção do complexo.
Do outro lado, apesar de ter citado que o assédio aos turistas é pequeno na Jordânia, achei extremamente exagerado e até violento em Petra, com o aval das autoridades.
Existem trilhas que em teoria deveriam ser desimpedidas para os visitantes, em especial uma para admirar o Al Khazneh de cima de um mirante, mas que são bloqueadas por meninos que vendem, por um preço bem elevado, seus serviços como guias. Também há um histórico de maus tratos dos animais (camelos, cavalos e burros) que são utilizados por lá, e vi que muitos estavam em péssimo estado físico. Além disso existem alguns golpes clássicos por lá. Por exemplo, no verso do ingresso de Petra está assinalado que você tem direito a um “free horse ride”, mas esse passeio não é tão gratuito assim e deve incluir uma “gorjeta” de um valor bem elevado, caso contrário o proprietário do animal pode ser bem agressivo com o turista.
Resumindo: não me arrependo de ter visitado Petra, mas provavelmente é um local que não voltarei em minha vida por não concordar com a forma com que o turismo é explorado.
Outro ponto que gostaria de destacar é que várias empresas oferecem um day tour para Petra saindo de cidades do Egito (SInai) e Israel. Não recomendo esse tipo de visita por considerar seu custo benefício muito baixo. As despesas são enormes (visto, entrada, agência, etc) para se passar muito mais tempo na estrada e nas fronteiras do que propriamente em Petra.
Wadi Rum:
É o famoso Deserto Vermelho da Jordânia, cenário de vários filmes como Lawrence da Arábia e Perdido em Marte. Se localiza cerca de 2h ao sul de Wadi Musa, pela Estrada do Deserto.
A entrada ao parque está incluída no Jordan Pass, mas é difícil visitar a região por conta própria, existindo várias empresas de beduínos que desenvolvem tours, com diferentes roteiros e durações, na região. Os mais populares são realizados em um 4×4 e iniciam no final da manhã / início da tarde, com pernoite em um acampamento beduíno e alimentações incluídas, e término após o café da manhã do dia seguinte. Esse passeio custa em torno de 80/100 dólares.
Outras atrações:
- Castelos cruzados – Ajloun e Karak dentre outros
- Outras ruínas romanas e de povos do deserto – como Qasr Hallabat e Qasr Amra
- Aqba – mergulhos no Mar Vermelho
- Local de batismo de Jesus
- Outros Museus e centros culturais
Sugestão de Roteiro Básico a partir de Amman:
Dia 01: Amã (Cidadela e Anfiteatro)
Dia 02: Jerash com pernoite em Amã ou algum outro local no início da Estrada do Rei, como Madaba
Dia 03: Estrada do Rei com chegada em Wadi Musa no final da tarde
Dia 04: Petra (fazendo o Petra by Night neste dia ou no dia 03)
Dia 05: Wadi Rum
Dia 06: Retorno para Amã
Comentários Finais
A série Egito e Jordânia, publicada em dois fins de semana consecutivos, foi um super presente do Fábio para toda a comunidade Milhas & Destinos. Em nome de todos, agradeço demais ao Fábio pela inestimável contribuição!
Quem quiser fazer um guest post sobre lugares incríveis com dicas preciosas é só me mandar um email para milhasedestinos@gmail.com que a gente discute sobre a publicação!
Valeu Fábio!
Quem quiser ler os dois outros posts sobre o Egito, é só clicar aqui e aqui.